terça-feira, 18 de janeiro de 2022

"DÁ-ME, UM SORRISO AO DOMINGO"


Desafio Poético | Décimas
(versos heptassílabos)

Esquema rimático: A B B A A C C D D C

 
Mote:


Dá-me, um sorriso ao domingo,
Para à segunda eu lembrar.
Bem sabes: sempre te sigo
E não é preciso andar.

© Fernando Pessoa

 ◇

Participantes: Ró Mar, ARIEH NATSAC, RAADOMINGOS 

e J. M. Cabrita Neves


 ◇


 

O TEU ABRAÇO SEMANAL


I

O teu abraço semanal
Tem valor incalculável
Para mim. É tão saudável!
Sinto aquele colossal
Aconchego de Natal;
É um dia de sorte e sigo
O coração, que respingo.
Ah, como me contento
Por tão pouco momento!?
"Dá-me, um sorriso ao domingo."

II

Dá-me a alegria de viver
E uma certa confiança,
Que me dá toda a esperança;
Faz-me dona do saber
E senhora do aprender.
Ah, pena ele não ficar!
É com ele que quero estar
Todos os grandes minutos;
Aos domingos atributos
"Para à segunda eu lembrar."

III

Dá-me força pra acordar
No dia seguinte com vida,
Bem-disposta, renascida
E com vontade de enfrentar
O que se pode esperar
Do mundo. Tudo consigo
No teu abraço meu amigo!
É com ele que caminho
No dia-a-dia, devagarinho;
"Bem sabes: sempre te sigo."

IV

Sim, sempre te sigo em mente,
Pois, meu peito te pertence;
Terça e quarta parisiense,
Quinta, Sexta é carente
E sábado meu excedente
De véspera a fervilhar
Pelo teu abraço a chegar;
Domingo minha quimera,
O meu coração acelera
"E não é preciso andar."

© Ró Mar 

 ◇

UM SORRISO…


I

A vida é uma roleta
Ninguém sabe onde termina
Não é preciso morfina
Nunca será linha reta
Nem mesmo sendo profeta
Deste jogo sem ser bingo
O além eu mal distingo
Porque o nevoeiro cega
Sem poder seguir a regra
"Dá-me, um sorriso ao domingo."

II

É a coisa mais barata
É um gesto de amizade
Quer seja agora ou mais tarde
No pobre ou mesmo magnata
Feliz mente não resgata
Por vezes sem baralhar
Difícil, exercitar,
Vai varrendo os pensamentos
Em semana de tormentos
"Para à segunda eu lembrar."

 III
 
No calendário da vida
 Os dias passam iguais
São alegres ou fatais
Mas dão nos sempre guarida
Em tanta frase batida
No silêncio consigo
Cada hora é postigo
Onde espreito meu lazer
E sem lhe poder dizer
"Bem sabes: sempre te sigo."
 
IV

Numa estrada sem ter rumo
À deriva vou andando
Sem saber eu até quando
Mas sinto que o meu consumo
De mazelas eu perfumo.
Odores soltos no ar
Sem não conseguir dourar
Como o sol doira esta terra
Que dá vida ou nos enterra
"E não é preciso andar."

© ARIEH NATSAC


SORRISO


I

Sob o manto do luar,
Escondem-se mil segredos
E a descortinar enredos
Põe-se a mente singular
Como não soubesse amar
Culpando o ido com rezingo
Pelo prazer meio mingo
Que não a chegou a preencher
E agora pede a sofrer:
"Dá me, um sorriso ao domingo."

II

Para tudo há solução
E sorrir não custa nada
Fica a vida iluminada
P'la bonita doação
Quando é de coração
O que se tem a ofertar.
Se quiserdes comprovar
E concordares agora
O farei já sem demora
"Para à segunda eu me lembrar."

III

Demonstrações de carinho
Deleita quem o recebe
Pois na face se percebe
No trejeito do beicinho
Que há quem esteja sozinho
Sem aquele bom amigo
Pra nós um porto de abrigo
E que falta grande faz
Não ter quem seja capaz:
"Bem sabes: sempre te sigo."

IV

Mas a vida é assim
Deita para trás das costas!
Pondera-se nas respostas
Para não se ter que enfim
De algum modo mais ruim
Falar ou desconversar.
Na ânsia d' atirar
Vamos com calma contudo
A palavra aclara tudo
"E não é preciso andar."

© RAADOMINGOS


"DÁ-ME UM SORRISO AO DOMINGO"


I
 
Vives no meu pensamento,
Todas as horas do dia!
És a luz que me alumia!
És da minha alma o sustento!
Pressinto-te até no vento,
Que arraste da chuva um pingo,
No loto serás meu bingo,
Por isso fica o pedido,
Que espero não ser esquecido,
"Dá-me um sorriso ao domingo!"

II

O teu sorriso me anima,
Me trás feliz, bem disposto,
Levo a vida com mais gosto,
Só por ter a tua estima.
És do meu poema a rima,
Pões o poema a cantar,
Sorrisos do teu olhar,
Que me embalam de prazer,
Ao domingo o quero ter,
"Para à segunda eu lembrar!"

III

Sabes quanto te aprecio,
O quanto me dás alento,
Para algum dia cinzento,
Mais tristonho mais vazio,
Ao pensar em ti sorrio,
Fico logo bem comigo,
Só por me ligar contigo,
Já que és o sol que me aquece,
E a lua que me adormece,
"Bem sabes: sempre te sigo!"

IV

Para onde quer que vás,
Te persigo em pensamento,
Como por encantamento,
Há algo que em ti me faz,
Te acompanhar ir atrás,
Pra sempre ao teu lado estar,
E a minha alma sossegar.
Confessa-me o coração,
Estar contigo em união,
"E não é preciso andar"!...

© J.M. Cabrita Neves

 ◇

NÃO IMPORTA A INVEJA…


I

“Dá-me um sorriso ao domingo”
P’ra que toda a gente veja
Pois não me importa a inveja
Teu interior distingo
Dessa maldade me vingo
Com um sorriso malvado
Pois quero ser provocado
P’la aura do sol nascente
Que despertando a semente
Em cada um com seu fado

II

“Para à segunda eu lembrar”
Que o domingo já passou
E no tempo onde eu estou
Irei sempre recordar
Nas folhas do verbo amar
Qual roseira renascida
Uma vida noutra vida
E tudo passa a correr
E quem saberá dizer
A luta mais consumida

III

“Bem sabes sempre te sigo”
Sem ter tábuas da lei
Nem nelas escreverei
Por dever ou por castigo
Mas procurando um abrigo
Que me acoite nos teus lábios
Sem precisar de astrolábios
P’ra ver a luz dos teus olhos
Nem teus vestidos de folhos
Nem consultar alfarrábios

IV

“E não é preciso andar”
Para o teu sorriso ver
Sendo um domingo qualquer
Onde eu irei deslizar
Nas ondas do alto mar
Que o teu corpo me seduz
Mesmo sendo a contraluz
Que se espraia à minha volta
Vou vendo um diabo à solta
Que ao êxtase me conduz.

© ARIEH NATSAC


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