sábado, 11 de setembro de 2021

TEMA SOBRE A IMAGEM


DESAFIO POÉTICO:

TEMA sobre a IMAGEM


Texto em prosa ou poesia sobre a imagem apresentada.


Fotografia de Ró Mar


Participantes: RAADOMINGOS, Ró Mar, Naná G.


EU SABIA-O


Deixo pousar o olhar um tanto vadio,
Este, vago agora que me empurra,
Pela estrada que me leva ao casario.

O vento, companheiro que me sussurra:
"Deixa pra trás o que o tempo não traz"
Faz do meu passo uma vontade turra!

Esta vontade que pouco me apraz,
Tira aos meus dias  longos sonos.
Tenho receio de não ser capaz!

Os anos perdidos foram longos,
Agora sei, depois de tudo, que sim,
Mas já não me retira os sérios tombos!

Tenho tanto desprezo em mim
Que não sei se isto se acalma,
Por ter deixado... adivinhando o fim!

Exergava desde sempre minha alma;
Enganar-me deixei-me por ser louca,
Sabendo, não ter da tua mão a palma!

É por isso que a minha força é pouca!

RAADOMINGOS |09/2021


DESENHAR!


I

Desenhou-se a luz do dia
P'lo passeio dum acaso,
Grelha que subiu o meu raso
Olhar e me prosseguia
Ao limiar do céu, que erguia!
Parou o tempo por ali,
Por instinto orei dali:
-Se ele me amasse tal sou!
O Cristo-Rei me abraçou,
Como se fosse daqui!

II

Ainda assim, o dia clareou
Como que havendo mais vida
E tal paisagem erguida
De mansinho se instalou
Em outro campo que sou!
Onde sempre existe pontes
E um rio por todas as fontes!
Sempre no mesmo lugar,
P'la outra margem a andar,
Vivi outros horizontes!

III

Quanto, nem queria pensar!
Havia a saudade de Lisboa,
Daquela alma de Pessoa
E do que me fez parar.
-Ah, até faz bem arejar!
Corava de céu aberto,
Mundos havia descoberto
E o tempo sobrevoava!
A luz que me orientava
(O Sol) foi e a noite por perto!

IV

-Ah, falha-me alguma vista,
O passeio já sem brilho!
-E, qual será o meu trilho?
-Eis a vez de ser realista,
Mas, sonhar faz o artista!
Como que a reencaminhar
O regresso sem desabar,
Com toda a força e coragem
Para prosseguir a viagem
Que se haverá de desenhar!

Ró Mar | 09/2021


FOTOGRAFEI A CIDADE


É difícil fotografar tudo o que avisto
O casario, a ponte, o rio,
Entretanto tentei descrevê-lo na minha poesia.
Seria o Tejo que ali corria?
Era madrugada, a cidade parecia adormecida. 
Nem barulho se via ou ouvia, 
Ninguém passava entre as casas,
Tudo parecia um deserto 
Só parecia ver fantasmas e brancas casas. 
Tive algumas visões naquela madrugada 
Preparei a minha máquina fotográfica
Para fotografar a paisagem
Senti um perfume de jasmim, largado,
No beiral de um sobrado 
Fotografei o perfume 
Vi uma andorinha pregada no beiral de uma casa,
Um caracol passeava naquela existência lenta
Dirigindo-se pr’a uma pedra
Fotografei a existência dela,
E fotografei o céu 
E a nuvem que passava lenta
Porque a cidade continuava 
Silenciosa, sonolenta.
Senti saudades da minha aldeia,
Mais pequena, mas franca, muita viva,
Ali reina azafama e alegria.
Pequenas veredas sombrias,
Visão da calma despojada
Um destacar de luta e vida!
Esta imagem avistada,
Tem ar funesto prenúncio do nada,
Na minha terra há todo o dia,
Mãos calejadas e frias,
Tranquilidade perdida.
Quero a paz da minha aldeia!
Voar livre como o vento,
Semeando mil afectos,
Espalhar sorrisos em ar de cumprimento
E voar alto nas asas do pensamento.

Naná G.| 09/2021


Sonetos Do Universo | 2021