domingo, 30 de janeiro de 2022

PALAVRAS: PUZZLE, ENIGMA, CHARADA e QUEBRA-CABEÇA



Desafio Poético | Poesia ou Prosa 


com as palavras: PUZZLE, ENIGMA, CHARADA 

            e QUEBRA-CABEÇA



Participantes: Armindo Loureiro, Ró Mar e RAADOMINGOS

 

 

PUZZLE


Vou construir um puzzle
Sem grande quebra-cabeça!
Ainda que a poesia seja enigma
Há sempre certo paradigma;
A Musa abona qualquer charada
Para desanuviar a cabeça.

*

"Vou construir um puzzle"
À medida do meu coração
E aconchegado o vou fazer
Com o que me traz prazer:
A poesia dum dia de calor,
Lamechices da paixão!

"Sem grande quebra-cabeça"
Vou compor uma canção;
Pedaço a pedaço completo
O espaço vazio e secreto;
Que possa apaziguar a dor
Nas minhas mãos de afeição!

"Ainda que a poesia seja enigma"
Eu vou ser habilidosa
E tecer bem os cordelinhos
Para colar todos os bocadinhos;
Que se enlacem uns nos outros
De forma bastante airosa!

"Há sempre certo paradigma"
Na vida e com essa desdita
E dois palmos de testa
Vou fazer uma breve sesta;
Que tão bem me fazia
Para melhorar minha escrita!

"A Musa abona qualquer charada,"
Por mais impossível que pareça
Não há que temer ousar;
Se não colar cacos e adoçar
Este motor descompassado
Faz com que algo esqueça!...

Para desanuviar a cabeça
Não há mesmo nada melhor
Que exercitar outras cousas
Como: traçar nas lousas
Grifando aquelas parcelas,
Que nos sabem dar amor.

© Ró Mar


Desafios que nos são feitos...


Desafias-me a te decifrar
Esse teu puzzle de palavras
É uma charada de que vou gostar
Por de ti tanto gostar
Nas palavras que me são dadas

Quebra-cabeça prá minha tola
Será sempre um desafio
Um enigma será a mola
Que me fará andar à gola
E do qual eu jamais me rio

Juntei estas quatro palavras
Que me deste com carinho
Desafio que não entravas
Nas palavras que te são dadas
Para percorrer todo o caminho

Seja Prosa ou Poesia
O que importa é escrever
Fazendo-o com alegria
A charada contém magia
Onde possas colher prazer

© Armindo Loureiro


MEIA VOLTA E VOLVER


A vida é um grande quebra-cabeça,
Compreender as coisas que a compõe;
É por vezes esperar que não aconteça.

Incógnitas que nos depara e impõe
Encobertas por um certo enigma;
Só os descortinando se transpõe!

Parece até eventual paradigma;
Que acompanha o rasto gente
Gotejando angústia e estigma.

A este puzzle intransigente
Há que fugir como o diabo da cruz
E se possível for; indulgente!

Nada nisto me atrai e seduz,
São charadas que não sei resolver
Sinceramente também não me propus!

Não pretendo medir forças e vencer;
É algo que não tenho vontade nenhuma;
Como tal: meia volta e volver!

-Ele há coisas que uma pessoa não se acostuma!

© RAADOMINGOS


Sonetos do Universo | 01/2022

sábado, 29 de janeiro de 2022

DEUS


Fotografia de Ró Mar


DEUS


(Tautograma D)


Deus disse diante dos discípulos dai-vos:
Dividíeis dificuldade, degradação
Dissipando demências; demovei-vos:
Desvaneceis duvidas, dor, desilusão.

Domínio divino do descanso dotado
De delicadeza, decência disponível
Dentro de dois dias, domingo determinado,
Diagnóstico do divino divisível!

Diante daqueles dantescos descrentes
Dava diretrizes delineando desenho
Desenvolto, douto, declarando-os docentes;

Doutores do desalento, do desdenho,
Do desprovido, do dorido, dos demais doentes;
Desbloqueava-os dissertando desempenho.

© Ró Mar | 01/2022

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

O AMOR


Desafio Poético | Setilhas


Tema:  AMOR


Esquema rimático: X A X A B B A



Participantes: Ró Mar e RAADOMINGOS





AGUARELAS


O amor é pintura
que coloro a giz
em telas d' minh' alma
e sobre a matiz
dessas aguarelas
fabrico janelas;
debruço-me feliz!

© RAADOMINGOS
 
  ◇

ISSO É AMOR


Se andas dias a correr
de um lado para o outro
em casa, na cama envolta
nos lençóis da noite doutro
dia, pensando desgastar
as horas e ainda sonhar
por ali naqueloutro...

Então isso é insónia,
que te tem ainda acordada
p'ra mais um dia viver
em casa, na rua, na estrada
no céu, no verde jardim,
nas ondas do mar, enfim...
Isso é amor de almofada.

© Ró Mar

  ◇

QUE SENTIMENTO É ESTE?


Diz-me que sentimento é este
Que provoca dor quando te ausentas
E que me deixa a alma em agonia?
Se soubesses como me apoquentas
Não fazias o que me fazias
Explicavas-te todos os dias
Acabando-me com as tormentas!

Mas eu, a vontade não te comando
Não posso mandar no coração
Temo que não me sintas amor!
Talvez tomasse a tua atenção
Por outro mais nobre sentimento
Mas o que devolves de momento
É estima que julguei afeição!

© RAADOMINGOS

  ◇

O SENTIMENTO VERDADEIRO


Quando se manifesta carinho
e se dá desinteressadamente
a humanidade avança o sorriso
e o universo denota-se reluzente
nutrindo o sentimento verdadeiro,
que floresce o habitat jasmineiro
e a vida evolui indubitavelmente.

Os reflexos de bem-estar geram
confiança, que incita a quietude,
abrindo a porta a outra oportunidade
e colocando o ser numa atitude
reciproca e de gratidão ao semelhante,
que concede ao mundo um interessante
leque alegórico à plenitude.

© Ró Mar


NÃO DIGAS ADEUS

 
Meus olhos falam de amor
o que escondem esses teus?
Deixa-me percebê-los,
lerás tu também os meus?
Durmo sonhando contigo,
despertando vens comigo...
Peço não digas adeus!
 
Sinto uma vida sem cor!
Se não ficares a amparar
como poderei eu viver;
Nem quero sequer pensar!
Céus, acho que morreria
antes de mesmo ser dia,
antes de me levantar.

© RAADOMINGOS


O AMOR É 'BICHO DE SETE CABEÇAS'


Não existe uma fórmula perfeita de amar
porque o amor manifesta-se de diversa forma
e cada uma delas com o seu habitat natural.
O amor é 'bicho de sete cabeças' sem norma,
que influencia a engrenagem do ser humano
p'ra melhor ou pior movendo o quotidiano
em círculos, uns notórios outros pró-forma.

© Ró Mar

 
Sonetos do Universo | 01/2022

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

"PASSAMOS PELAS COISAS SEM AS VER"


Desafio Poético | Sextilhas

(versos decassílabos)


  ◇

Passamos Pelas Coisas Sem As Ver


Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor, 
vamos caindo ao chão, apodrecidos.

© Eugénio de Andrade

  ◇

"PASSAMOS PELAS COISAS SEM AS VER"


Participantes: Ró Mar, RAADOMINGOS 





I

Tão absortos, tão intelectivos!
Andamos milhas sem ver e reter
os fluidos externos, tão concentrados
na nossa vida e tão desacertados
do que podíamos ser observando!
"Passamos pelas coisas sem as ver."

II

Na verdade há um certo cansaço
quotidiano, tantos desvalidos,
Que nos deixa perplexos como nulos!
Então fechamo-nos mais nos casulos
tornando-nos quase irreconhecíveis,
"gastos, como animais envelhecidos."

III

Lá vamos tecendo o próprio viver,
com pezinhos de lã sempre podemos
tentar sobreviver à 'tempestade'!
Perante esta surreal sociabilidade
e movidos p'la voz de desconfiança,
"se alguém chama por nós não respondemos."

IV

Somos 'bichos do mato' ou 'flores de estufa'!
Não estranhamos porque endoidecemos
com o evidente caos, que invadiu
o habitat, surripiou, influiu
os sentidos de tal maneira que
"se alguém nos pede amor não estremecemos."

V

Pois, tornou-se viral certa distância
e ainda mais com tanta escassez de amor!
Tornámo-nos espiritualistas,
egocêntricos, frios, calculistas!
Acostumámo-nos a este viver
"como frutos de sombra sem sabor."

VI

Crentes de poder vir a desfrutar
dum Planeta são e desprovidos
de certos meios vamos encalhando
num suposto estar amealhando
tempo! Esquecidos, pouco a pouco
"vamos caindo ao chão, apodrecidos."

© Ró Mar 


I

Céleres neste ir que se quer a volta
passamos pelas coisas a correr;
age-se como se o hoje roubasse a hora
como se em debandada fosse embora
e nesta contenda com o relógio
"Passamos pelas coisas sem as ver."

II

Neste tom que não se desacelera
acaba-se por se ficar vencidos
e é pois imperativo um travão
comandado pla respectiva mão
para que a existência não nos rotule
"gastos, como animais envelhecidos."

III

Na roda que rapidamente gira,
parece que parco ou nada aprendemos
o mal do mundo é culpa dos loucos,
o bem interessa a muito poucos...
é como convém a ideia; e por tal
"se alguém chama por nós não respondemos."

IV

Não é boa assim uma relação,
é preciso que nos entendemos;
nada se faz aprumado em obstáculos
a união sem amor e sustentáculos
enrijece e como pedra que fica
"se alguém nos pede amor não estremecemos."

V

Habituados à sua redoma
Tratam emoções por baixo valor;
Não se interessam se há nuvens ou sol,
Se originam ou morrem no arrebol;
Alheios sem causa; sensaborões
"como frutos de sombra sem sabor."

VI

Egocentristas em prol da barriga;
principais em egos enaltecidos
discordam dos demais e só desdizem
enraizando eloquentes o que dizem
atordoam e semi inconscientes
"vamos caindo ao chão, apodrecidos."

© RAADOMINGOS
 

Sonetos do Universo | 01/ 2022

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

"ISTO"




"ISTO"


Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.

© Fernando Pessoa

*

I

Observo o meu universo
Tal e qual como o sinto
E quanto ao que é disperso
Comtemplo-o por instinto,
"Dizem que finjo ou minto."

Se o vejo nem penso,
Crio o que vem à mão
E tudo compenso
Como uma aparição;
"Tudo que escrevo. Não."

Somente o relevante.
Esquiço o que pressinto,
Caligrafia distante
Num momento constante,
"Eu simplesmente sinto."

Arrimo e cultivo
Signos de compreensão
De teor relativo
E rimo o coração
"Com a imaginação."

Medito o que escrevo!?
Faço-o por devoção
Antiquado ou coevo!?
Quanto à tradição
"Não uso o coração."

© Ró Mar

***

Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
"Essa coisa é que é linda."

© Fernando Pessoa

*

II

Tudo revivo e conto
Em letras onde espaço
A saudade que apronto
Nalgum desembaraço,
"Tudo o que sonho ou passo."

Concebo sem lamento
A minha leda lida
E sempre algo reinvento
Na travessia vivida,
"O que me falha ou finda."

A poesia para mim
É magia dum abraço,
Que brota no jardim
Marinho do espaço;
"É como que um terraço,"

Que presenteia luar
Numa viagem linda;
Tempo de desanuviar
E me sentir bem-vinda
"Sobre outra coisa ainda."

Momentos de esperança
Que dão certa vida, ainda
Sorrir como criança
Num colo de amor, inda...
"Essa coisa é que é linda!"

© Ró Mar

***

Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
"Sentir? Sinta quem lê!"

© Fernando Pessoa

*

III

Isso que por aí falta
Influencia o seio
E desmesura a pauta
Regendo o recheio,
"Por isso escrevo em meio."

Com vontade de rever
Tudo o que fui até
Agora e reviver;
Ter o olor da maré,
"Do que não está ao pé."

Nada é impossível,
Pois, em tudo creio
Porque é atingível!
Por isso, passeio
"Livre do meu enleio."

Sonho de olhos abertos
Com o amor, Isso é que é!
O que nos traz libertos
E perto de Cairé,
"Sério do que não é."

Se escrevo poesia?
Não sei. Sou alguém que vê
E que com alma cria
Coisas. Arte ou cliché!?
"Sentir? Sinta quem lê!"

© Ró Mar | 01/ 2022

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

"DÁ-ME, UM SORRISO AO DOMINGO"


Desafio Poético | Décimas
(versos heptassílabos)

Esquema rimático: A B B A A C C D D C

 
Mote:


Dá-me, um sorriso ao domingo,
Para à segunda eu lembrar.
Bem sabes: sempre te sigo
E não é preciso andar.

© Fernando Pessoa

 ◇

Participantes: Ró Mar, ARIEH NATSAC, RAADOMINGOS 

e J. M. Cabrita Neves


 ◇


 

O TEU ABRAÇO SEMANAL


I

O teu abraço semanal
Tem valor incalculável
Para mim. É tão saudável!
Sinto aquele colossal
Aconchego de Natal;
É um dia de sorte e sigo
O coração, que respingo.
Ah, como me contento
Por tão pouco momento!?
"Dá-me, um sorriso ao domingo."

II

Dá-me a alegria de viver
E uma certa confiança,
Que me dá toda a esperança;
Faz-me dona do saber
E senhora do aprender.
Ah, pena ele não ficar!
É com ele que quero estar
Todos os grandes minutos;
Aos domingos atributos
"Para à segunda eu lembrar."

III

Dá-me força pra acordar
No dia seguinte com vida,
Bem-disposta, renascida
E com vontade de enfrentar
O que se pode esperar
Do mundo. Tudo consigo
No teu abraço meu amigo!
É com ele que caminho
No dia-a-dia, devagarinho;
"Bem sabes: sempre te sigo."

IV

Sim, sempre te sigo em mente,
Pois, meu peito te pertence;
Terça e quarta parisiense,
Quinta, Sexta é carente
E sábado meu excedente
De véspera a fervilhar
Pelo teu abraço a chegar;
Domingo minha quimera,
O meu coração acelera
"E não é preciso andar."

© Ró Mar 

 ◇

UM SORRISO…


I

A vida é uma roleta
Ninguém sabe onde termina
Não é preciso morfina
Nunca será linha reta
Nem mesmo sendo profeta
Deste jogo sem ser bingo
O além eu mal distingo
Porque o nevoeiro cega
Sem poder seguir a regra
"Dá-me, um sorriso ao domingo."

II

É a coisa mais barata
É um gesto de amizade
Quer seja agora ou mais tarde
No pobre ou mesmo magnata
Feliz mente não resgata
Por vezes sem baralhar
Difícil, exercitar,
Vai varrendo os pensamentos
Em semana de tormentos
"Para à segunda eu lembrar."

 III
 
No calendário da vida
 Os dias passam iguais
São alegres ou fatais
Mas dão nos sempre guarida
Em tanta frase batida
No silêncio consigo
Cada hora é postigo
Onde espreito meu lazer
E sem lhe poder dizer
"Bem sabes: sempre te sigo."
 
IV

Numa estrada sem ter rumo
À deriva vou andando
Sem saber eu até quando
Mas sinto que o meu consumo
De mazelas eu perfumo.
Odores soltos no ar
Sem não conseguir dourar
Como o sol doira esta terra
Que dá vida ou nos enterra
"E não é preciso andar."

© ARIEH NATSAC


SORRISO


I

Sob o manto do luar,
Escondem-se mil segredos
E a descortinar enredos
Põe-se a mente singular
Como não soubesse amar
Culpando o ido com rezingo
Pelo prazer meio mingo
Que não a chegou a preencher
E agora pede a sofrer:
"Dá me, um sorriso ao domingo."

II

Para tudo há solução
E sorrir não custa nada
Fica a vida iluminada
P'la bonita doação
Quando é de coração
O que se tem a ofertar.
Se quiserdes comprovar
E concordares agora
O farei já sem demora
"Para à segunda eu me lembrar."

III

Demonstrações de carinho
Deleita quem o recebe
Pois na face se percebe
No trejeito do beicinho
Que há quem esteja sozinho
Sem aquele bom amigo
Pra nós um porto de abrigo
E que falta grande faz
Não ter quem seja capaz:
"Bem sabes: sempre te sigo."

IV

Mas a vida é assim
Deita para trás das costas!
Pondera-se nas respostas
Para não se ter que enfim
De algum modo mais ruim
Falar ou desconversar.
Na ânsia d' atirar
Vamos com calma contudo
A palavra aclara tudo
"E não é preciso andar."

© RAADOMINGOS


"DÁ-ME UM SORRISO AO DOMINGO"


I
 
Vives no meu pensamento,
Todas as horas do dia!
És a luz que me alumia!
És da minha alma o sustento!
Pressinto-te até no vento,
Que arraste da chuva um pingo,
No loto serás meu bingo,
Por isso fica o pedido,
Que espero não ser esquecido,
"Dá-me um sorriso ao domingo!"

II

O teu sorriso me anima,
Me trás feliz, bem disposto,
Levo a vida com mais gosto,
Só por ter a tua estima.
És do meu poema a rima,
Pões o poema a cantar,
Sorrisos do teu olhar,
Que me embalam de prazer,
Ao domingo o quero ter,
"Para à segunda eu lembrar!"

III

Sabes quanto te aprecio,
O quanto me dás alento,
Para algum dia cinzento,
Mais tristonho mais vazio,
Ao pensar em ti sorrio,
Fico logo bem comigo,
Só por me ligar contigo,
Já que és o sol que me aquece,
E a lua que me adormece,
"Bem sabes: sempre te sigo!"

IV

Para onde quer que vás,
Te persigo em pensamento,
Como por encantamento,
Há algo que em ti me faz,
Te acompanhar ir atrás,
Pra sempre ao teu lado estar,
E a minha alma sossegar.
Confessa-me o coração,
Estar contigo em união,
"E não é preciso andar"!...

© J.M. Cabrita Neves

 ◇

NÃO IMPORTA A INVEJA…


I

“Dá-me um sorriso ao domingo”
P’ra que toda a gente veja
Pois não me importa a inveja
Teu interior distingo
Dessa maldade me vingo
Com um sorriso malvado
Pois quero ser provocado
P’la aura do sol nascente
Que despertando a semente
Em cada um com seu fado

II

“Para à segunda eu lembrar”
Que o domingo já passou
E no tempo onde eu estou
Irei sempre recordar
Nas folhas do verbo amar
Qual roseira renascida
Uma vida noutra vida
E tudo passa a correr
E quem saberá dizer
A luta mais consumida

III

“Bem sabes sempre te sigo”
Sem ter tábuas da lei
Nem nelas escreverei
Por dever ou por castigo
Mas procurando um abrigo
Que me acoite nos teus lábios
Sem precisar de astrolábios
P’ra ver a luz dos teus olhos
Nem teus vestidos de folhos
Nem consultar alfarrábios

IV

“E não é preciso andar”
Para o teu sorriso ver
Sendo um domingo qualquer
Onde eu irei deslizar
Nas ondas do alto mar
Que o teu corpo me seduz
Mesmo sendo a contraluz
Que se espraia à minha volta
Vou vendo um diabo à solta
Que ao êxtase me conduz.

© ARIEH NATSAC


Sonetos do Universo | 2022