AÇORDA DE COENTROS
O português é freguês,
Broa no que toca ao pão
E ninguém lhe tira a vez;
No que toca a confeccionar
No que toca a confeccionar
I
Trigo, milho, centeio,
Aveia e mais cereais,
Sementes e outros mais
Que eu tanto saboreio;
Fornadas que recheio
Com os olhos que vês
E a barriga que Deus fez;
Coisa boa este naco...
Farinha de todo o saco,
O português é freguês!
II
E eu alfacinha de gema
Confesso que o da Capital
Não me é substancial;
O de mistura é meu lema
E dá gosto ao tema...
Quando quente é paixão
E derrete o coração
Manteiga desta miúda...
Que gosta de coisa graúda,
Broa no que toca ao pão!
III
O saloio é do melhor
E tem mais que paladar,
Dizem que faz engordar!
E tem mais que paladar,
Dizem que faz engordar!
Na espiga há mais amor
E na gastronomia é flor,
No céu da boca se fez
No céu da boca se fez
A receita do português!
O segredo do padeiro
Tem dedo de pasteleiro
E ninguém lhe tira a vez;
IV
O Moinho que dê pedaço
Ou a lenha das aldeias
Portuguesas dê ideias;
Na minha terra as amasso
Até me doer o braço,
Depois deixo levedar
O tempo que se precisar,
Ao enfornar a bênção
Pra cozer e crescer são,
No que toca a confeccionar.
V
Se é pão d' água ou de leite
Não é relevante, pode ser
Tudo que dê prazer comer!
Se é pão de forma, cacete
Brasileiro ou baguete
É banquete e aos quartos
Tostado cozinha pratos:
Aperitivo ou lagostas?
Cheio de miolo e côdeas
Faz açorda de coentros.
© Ró Mar
https://ro-mar-poesia.blogspot.com/
No que toca a confeccionar.
V
Se é pão d' água ou de leite
Não é relevante, pode ser
Tudo que dê prazer comer!
Se é pão de forma, cacete
Brasileiro ou baguete
É banquete e aos quartos
Tostado cozinha pratos:
Aperitivo ou lagostas?
Cheio de miolo e côdeas
Faz açorda de coentros.
© Ró Mar
https://ro-mar-poesia.blogspot.com/