segunda-feira, 10 de agosto de 2020

AÇORDA DE COENTROS




AÇORDA DE COENTROS


O português é freguês,
Broa no que toca ao pão
E ninguém lhe tira a vez;
No que toca a confeccionar
Faz açorda de coentros.

I

Trigo, milho, centeio,
Aveia e mais cereais,
Sementes e outros mais
Que eu tanto saboreio;
Fornadas que recheio
Com os olhos que vês
E a barriga que Deus fez;
Coisa boa este naco...
Farinha de todo o saco,
O português é freguês!

II

E eu alfacinha de gema
Confesso que o da Capital
Não me é substancial;
O de mistura é meu lema
E dá gosto ao tema...
Quando quente é paixão
E derrete o coração
Manteiga desta miúda...
Que gosta de coisa graúda,
Broa no que toca ao pão!

III

O saloio é do melhor
E tem mais que paladar,
Dizem que faz engordar!
 Na espiga há mais amor
 E na gastronomia é flor,
No céu da boca se fez
A receita do português!
O segredo do padeiro
Tem dedo de pasteleiro
E ninguém lhe tira a vez;

IV

O Moinho que dê pedaço
Ou a lenha das aldeias
 Portuguesas dê ideias;
Na minha terra as amasso
 Até me doer o braço,
Depois deixo levedar
O tempo que se precisar,
Ao enfornar a bênção
Pra cozer e crescer são,
No que toca a confeccionar.

V

Se é pão d' água ou de leite
Não é relevante, pode ser
Tudo que dê prazer comer!
Se é pão de forma, cacete
Brasileiro ou baguete
É banquete e aos quartos
Tostado cozinha pratos:
Aperitivo ou lagostas?
Cheio de miolo e côdeas
Faz açorda de coentros.

© Ró Mar

https://ro-mar-poesia.blogspot.com/

domingo, 9 de agosto de 2020

SERMOS, EIS A QUESTÃO?


Mote:


O mundo só pode ser
Melhor que até aqui,
- Quando consigas fazer
Mais p'los outros que por ti!

© António Aleixo

***

SERMOS, EIS A QUESTÃO?


I

Se todos nos unirmos
Numa reconstrução
Com alma e coração
[Valerá sempre a pena
Ter em mãos a novena],
Com mais vontade de fazer
Do que de bem parecer,
Que faz todo o sentido
E nada será perdido,
"O mundo só pode ser..."

II

Melhor do que já somos
Só pode dar bons frutos,
Que colheremos juntos;
Pois, então semeemos
Por aí tudo o que somos,
Não esperes rubi
Ou outro que não daqui!
Mãos à terra querida
Construiremos outra vida,
"Melhor que até aqui."

III

Vem, ainda que não saibas
Como mudar o teu fado,
Como salvar o mundo?
Tens as janelas abertas
Para outras descobertas,
Vem fazer acontecer;
Vem connosco aprender
A fazer outra poesia
E serás toda a mestria
"Quando consigas fazer!"

IV

O melhor que és em tudo
Faz toda a diferença
E faz com que se cresça
A harmonia do futuro;
Num elo frutífero
A poesia que há em ti
E que eu também reparti
Fazendo todos felizes
[Embora haja alguns deslizes],
"Mais p'los outros que por ti!"

© Ró Mar

sábado, 8 de agosto de 2020

DESPERTARES...


Despertares…


Despertei para a vida
Já lá vai muito tempo
Vivê-la de forma sentida
É aquilo que eu mais tento

A vida com suas dificuldades
Só se vive em consciência
Toco-te e sinto verdades
Duma vida com apetência

Há que a vida valorizar
Há que a saber viver
Só assim se pode amar
E por ela ter prazer

Despertei o meu interior
Para uma vida completa
Hoje, sei o que é o amor
Na vida que me desperta

E tu que bem me conheces
Sabes porque é assim
Do amor tu não te esqueces
Minha flor, Rosa do meu Jardim

AS CINCO ESTRELAS DO DIA


AS CINCO ESTRELAS DO DIA


Quando acordas há sol
Porque também há saúde,
Há núcleo de amizade
E o amor de verdade,
O que vem da Terra à Lua;

Quando o dia é de sol
A manhã é primavera,
A tarde é de verão
E a noite serão
Para contemplar a lua;

Quando em todos há sol
Há também paz p'lo mundo
Criando laços de vida
E o sonho tem sentido
Que perpetua p'la lua;

Quando na terra há harmonia
A natureza é poesia
Que bebe 'frescas' na fonte
Daquela felicidade
Que dá mais beleza mar...

Toda a água é límpida
E o respirar... ar puro
Porque o amor é fogo
Qu' arde no céu da boca
E faz-me voar a Marte...

As cinco estrelas do dia
São janelas do ser,
São os cinco sentidos
Em movimento contínuo
No horizonte do querer...

Com as cinco estações
Do ano pra acontecer,
Sim há cinco estações
Pra viver, quer faça sol
Ou chuva há sempre mais uma!

Nesta vida de passagem
O melhor da viajem
É o trem com mais de cinco
Carruagens pra guardar
As bagagens do amor...

Todos os compartimentos
Ventilados d' almas mor,
Para o coração
Respirar os sentimentos
De sol num dia à janela

Luzindo movimentos
Nas 'frescas' que dão cor
E magia a momentos
Que perpetuam o mar
P´lo céu passando por Marte.

terça-feira, 4 de agosto de 2020

AMAR SEM OLHAR A QUEM


"AMAR SEM OLHAR A QUEM"


"Amar sem olhar a quem"
Tem olhar duma bondade
E nobreza de ser alguém
Duma natureza jade.

Tem o cheiro d' alfazema
E coração d' alguém
Que faz vida dum poema:
"Amar sem olhar a quem".

"Amar sem olhar a quem"
É uma pura utopia!
Na vida real ninguém
Olha por olhar! Magia!

Houve alguém qu' inventou
Uma cor una pró homem
Não desbotar! Criou!:
"Amar sem olhar a quem".

© Ró Mar

Mote de Ró Mar: "Amar sem olhar a quem"

SEMPRE POR AQUI


SEMPRE POR AQUI


Sempre por aqui, o mesmo espaço,
O mesmo ritual e teu abraço?
Tão perto, tão longe a expressão,
Labareda de meu coração,
Saudade minha, a vida que refaço;

Se vives em mim, se eu te abraço,
O ano passado é o meu laço;
Há um luar em cada estação,
                Sempre por aqui...

Ah, o tempo parou neste espaço!
O mesmo minuto e um compasso
Circulando os ponteiros do sótão,
Onde guardo a minha paixão;
Se o sol aparece, se eu te abraço,
                      Sempre por aqui?

PARA TODOS OS OUTROS POETAS


PARA TODOS OS OUTROS POETAS


      Poetas: assim continuem
      Amando os vossos poemas
      Rimando p’ra que as palavras flutuem
      Agora e sempre dando bons temas

      Todos sigam em frente
      Orgulhem-se daquilo que fazem
      Dons naturais explorem
      Osculem as palavras como filhos
      Saibam escrevê-las com carinhos

      Organizem ideias vossos trilhos
      Sigam em frente não sozinhos

      Ousados sejam sem remoques
      Ultimem, mas sempre com razão
      Todavia sejam como toques
      Ruidosos clarins do coração
      Outros virão seguir-vos passos
      Semente está lançada vai crescer

      Possível será não ter embaraços
      O sentimento sempre irá crescer
      Envolvendo a loucura e o desejo
      Tão pouco do que ainda resta
      Alvorada nasce num bocejo
      Só tu, poeta, fazes de um verso uma festa.

VONTADES DE AMAR


VONTADES DE AMAR


Na natureza verde ouro
O tesouro é singelo
Novelo de qualidades
E vontades de amar.

O que vejo e sinto
Tem o dom apaixonado
Da essência dum fado,
Pressinto no suspirar;

P'la terra onde nasci:
Nação verde-azul
Banhada de norte a sul,
Cresci nela e no mar...

Na natureza verde ouro
O tesouro é singelo
Novelo de qualidades
E vontades de amar.

O que aprendi e sei
Tem sido minha bagagem
Pra seguir esta viagem
Até onde sei do mar;

P'lo rio Tejo cresço
E sinto o Sol na minh' alma,
O esplendor que m' acalma
E floresço pra sonhar...

Na natureza verde ouro
O tesouro é singelo
Novelo de qualidades
E vontades de amar.

O que vivi e amei
Tem-me dado o alento
Pra compor o momento
Breve que sei recordar;

P'lo amor que lhe tenho,
Por mais triste olhar sou
Grata, o dia acordou
E contenho o desabar...

Na natureza verde ouro
O tesouro é singelo
Novelo de qualidades
E vontades de amar.

O que escrevo e pinto
Tem-me amado tanto
E é tamanho encanto,
Por instinto vejo mar;

P'lo azul ondeando
O ser navega salgado
Tal o ar apaixonado,
Escrevendo a sonhar...

Na natureza verde ouro
O tesouro é singelo
Novelo de qualidades
E vontades de amar.